quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Rede municipal de SP vai reprovar em 5 das 9 séries


As alterações vão afetar 452 mil alunos do ensino fundamental paulistano - Marcio Fernandes/AE

Após 21 anos, reforma da educação altera divisão de ciclos, além de criar recuperação de férias e dependência nas disciplinas 15 de agosto de 2013 | 2h 51



A Prefeitura de São Paulo lança hoje a proposta de reforma da educação municipal, que altera a divisão de ciclos, permitindo reprovação em cinco séries - não mais em duas, como é hoje -, além de criar a recuperação de alunos nas férias e a possibilidade de se carregar dependência. A nova diretriz será implementada na rede a partir do ano que vem.
Essa é a mais profunda transformação no modelo educacional da cidade desde que o sistema de progressão continuada foi instituído, há 21 anos, na gestão petista de Luiza Erundina. Até o dia 15 de setembro, o programa batizado como Mais Educação São Paulo ficará aberto para consulta pública.
As principais mudanças estão no ensino fundamental, do 1.º ao 9.º ano. Serão atingidos com as alterações nessa fase 452 mil alunos. A rede vai abandonar a divisão de dois ciclos, com repetência prevista no 5.º e no 9.º anos, e criará três ciclos: os chamados ciclos de Alfabetização (do 1.º ao 3.º ano), Interdisciplinar (do 4.º ao 6.º ano) e Autoral (do 7.º ao 9.º ano). A reprovação passa a ser prevista no fim dos dois primeiros ciclos e em todos os anos do último ciclo, que concentra 41% dos alunos do fundamental.
Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a ideia não é represar alunos. "Quando se prevê que, dos nove anos, em cinco pode ter retenção, quer dizer que estamos resgatando marcos para dar referências para que professor e estudante saibam o que precisa ser aprendido e assimilado", diz Haddad.
Para evitar aumento de reprovações, a Prefeitura pretende intensificar o esquema de recuperação. O reforço no contraturno, hoje usado de forma pontual em algumas escolas, será institucionalizado. Também será criada a chance de reforço nas férias. Nos 7.º e 8.º anos, os alunos poderão carregar uma disciplina como dependência.
Currículo. Apesar de adotar as diretrizes do Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), lançado pelo governo federal para os três primeiros anos, a Prefeitura promete não abandonar o Ler e Escrever, modelo adotado pela gestão passada. "O Ler e Escrever não é contraditório com a nova diretriz, mas ele não é suficiente. Os resultados estão aí", diz o secretário de Educação, Cesar Callegari. Em 2011, 38% dos alunos do 4.º ano da rede não estavam plenamente alfabetizados.
A nova proposta cria uma estratégia de transição para os últimos anos. No 6.º, haverá a manutenção de um professor generalista, que dará aulas de português e matemática - mantendo assim um elo com os anos anteriores, em que apenas um professor dá o conteúdo. Já nos últimos três anos, os alunos terão de fazer um trabalho de conclusão de ciclo, com projeto interdisciplinar.
A diretora da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, elogiou a criação do ciclo intermediário e o resgate do boletim, lição de casa e conceitos de 0 a 10, "que facilitam a participação da família".
A consultora em Educação Ilona Becskeházy defende que a Prefeitura detalhe na consulta pública as explicações técnicas para as propostas. "O Brasil tem uma das maiores taxas de retenção de alunos. Aumentar a possibilidade de reprovação, a não ser que haja justificativa, contraria a evolução de nossa política educacional", avalia.
O Sinpeem, principal sindicato da categoria, divulgou nota na qual afirma que os professores não foram ouvidos. / COLABOROU VICTOR VIEIRA

sábado, 22 de junho de 2013

Dilma não traz novidades, faz ameaça e comete erros de informação

Dilma não traz novidades, faz ameaça e comete erros de informação

Fernando Rodrigues
pronunciamento da presidente Dilma Rousseff nesta noite de sexta-feira (21.jun.2013) não trouxe nenhuma novidade a respeito do posicionamento do governo federal sobre as manifestações de rua. O mais notável foi seu tom de ameaça em vários trechos quando falou que o governo não vai “transigir” com atos de violência.
Mas o que fez o governo até agora? Há quase duas semanas que as principais cidades do país têm ficado paralisadas no final da tarde.
Como o Brasil é um país conservador, talvez o pronunciamento da presidente possa ter algum efeito tranquilizador em parte da população. Foi uma gravação realizada da forma mais conservadora possível. Em frente a um fundo de madeira, ela usando um blaser de tom amarelo acabou lendo no teleprompter por 9 minutos e 43 segundos. É uma fala muito longa sob qualquer métrica possível. Mas Dilma não tinha saída.
Como a presidente raramente dá entrevistas formais para mídia (exceto para falar de novelas ou “faits divers”), quando fala é necessário ficar descrevendo uma lista sem fim do que considera útil dizer para a população –mesmo que o governo já gaste mais de R$ 1 bilhão por ano em propaganda.
Em certa medida, o pronunciamento de Dilma tenta recuperar o tempo perdido por ela nos últimos dois anos e meio. Sobretudo quando chegou a dizer que vai se esforçar agora para incentivar uma “ampla reforma política”. Essa expressão “reforma política” chega a provocar ataques de narcolepsia em quem acompanha o mundo do poder aqui em Brasília. Basta haver um problema de qualquer ordem no país que o presidente de turno fala sobre a necessidade de uma… reforma política. Passa a crise ou arrefecem os seus efeitos, a reforma política nunca sai.
Por que Dilma nunca falou sobre a necessidade de uma reforma política antes? Foi pega de surpresa agora?
Em outro trecho do pronunciamento, a presidente faz uma confusão com algo que ela própria patrocinou. Diz que a Lei de Acesso à Informação “deve ser ampliada para todos os poderes da República e instâncias federativas”. Como assim, ampliada? A lei já vale para todos os Poderes e para governos estaduais, prefeituras e União.
Talvez até de maneira inadvertida, Dilma acabou passando um pito em cadeia nacional de TV em prefeitos e governadores –que, de fato, cumprem de maneira precária a Lei de Acesso. E o que dizer da própria presidente, que acaba de decretar sigilo sobre todas as informações de gastos de suas viagens ao exterior? Como ela própria disse “a melhor forma de combater a corrupção é com transparência e rigor”. Pois é.
Em resumo, quem redigiu e copidescou o pronunciamento não estava muito familiarizado com o governo de Dilma Rousseff. E a própria presidente não fez a revisão necessária daquilo que leu no teleprompter. É desagradável quando ocorrem tantos descuidos em um texto para o qual a petista e sua equipe de marketing tiveram dois dias para produzir.
Sobre a Copa do Mundo e seus gastos, Dilma usou outra verdade pela metade para tentar conter a irritação dos indignados que foram à rua protestar. A presidente afirmou que todos os gastos para construir estádios e outras obras são empréstimos que serão pagos pelas empresas e Estados que receberam esse dinheiro. Não é bem assim. Tem muito dinheiro público, do BNDES, com juros que são subsidiados por todos os brasileiros.
Mesmo que as empresas e Estados paguem esses empréstimos (se é que vão pagar), terão recebido um grande benefício por causa dos juros camaradas. E mais: a maioria dos recursos foi para governos estaduais. Ou seja, se esses governos pagarem, ainda assim terá sido usado dinheiro público –portanto a presidente tergiversou ao dizer que não usaria fundos estatais. Já usou.
A suntuosidade das obras da Copa é um dos poucos pontos de consenso na irritação de quem têm ido às ruas protestar. Há uma sensação forte de que tudo foi feito apenas para turistas e a elite usarem.
Dilma também anunciou que convidará governadores e prefeitos de grandes cidades para aperfeiçoar as instituições e anunciar novos planos de ação.
Por exemplo, o Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Agora? A menos de um ano da Copa do Mundo?
E os prefeitos e governadores em Brasília? Esse tipo de reunião é tão improdutiva como a do ministério de Dilma –que com 39 integrantes precisaria de mais de um dia de reunião se todos falassem por meia hora.
Tudo considerado, não dá para dizer que Dilma cometeu o mesmo erro de Fernando Collor (que em 1992 pediu aos brasileiros que se vestissem de verde e amarelo e todos usaram preto). Ainda assim, o resultado parece ter ficado longe do que a presidente precisaria para tentar recuperar a autoridade perdida nos últimos dias

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pronunciamento de Dilma Roussef a Nação: Sobre Onda de protestos - 21/06...

A ORIGEM DA MÁSCARA DO ANONYMOUS.


A origem e a história por trás da máscara do Anonymous.


Nos últimos tempos, é bem provável que em algum momento você tenha ouvido falar do Anonymous, um grupo ativista que busca estabelecer uma liberdade online e também no mundo real, através de ações que buscam incentivar as pessoas a lutarem por interesses coletivos. O grupo tem como uma de suas marcas uma máscara que transparece certo ar de mistério, e que foi vista por muitos no filme “V de Vingança” (Produzido e roteirizado  por Andy Wachowski e Lana Wachowski, os irmãos que criaram MATRIX). É evidente que o Anonymous se inspira em muitas ideias apresentadas no longa-metragem, mas o que pouca gente sabe, é que a máscara não foi criada nesse filme e que há um grande contexto histórico por trás da imagem daquele rosto.
O filme dos irmãos Wachowsky é uma adaptação do romance homônimo “V FOR VENDETTA”, a graphic novel (romance gráfico) escrita por Alan Moore e desenhada por David Lloyd, e que foi publicada entre 1982 e 1988 no Reino Unido. A história do romance se passa em um futuro utópico (1997 – agora passado futurista alternativo), onde um partido com fortes tendências totalitárias consegue chegar ao poder após uma guerra nuclear, e inicia um regime fascista sobre todo o Reino Unido; a mídia é controlada, campos de concentração para minorias sexuais e raciais são criados, e agentes especiais são recrutados para fiscalizar o cumprimento de um toque de recolher. Nesse cenário opressor, surge um homem vestido de preto e usando uma máscara estilizada de Guy Fawkes , que inicia várias ações anarquistas a fim de desestabilizar o governo…
Uma das maiores fontes de inspiração dos autores, foi o governo conservador da primeira-ministra Margaret Thatcher (1979 a 1990),que ficou conhecida como “Dama de Ferro”, por conta de suas rígidas posições em relação aos sindicatos dos trabalhadores, por suas opiniões sobre a União Soviética, e pelas várias privatizações de empresas realizadas nos primeiros anos de seu governo. À propósito: foi no governo dela que ocorreu a “guerra das Malvinas”, em que a Argentina saiu derrotada.

Margaret Thatcher, a Dama de Ferro que recentemente foi vivida no cinema por Maryl Streep.
No entanto, fica evidente também a inspiração em outra figura histórica: Guy Fawkes. Esse é o nome. A máscara usada pelo personagem V é uma representação estilizada do rosto de Fawkes, e isso é claramente citado em diversas passagens da Graphic Novel e do filme. Mas quem foi este homem a final?
Guy Fawkes (também conhecido como Guido) foi um soldado inglês católico que participou da “Conspiração da Pólvora (Gunpowder Plot), que tinha como objetivo explodir o parlamento britânico durante uma sessão, em 5 de novembro de 1605. A intenção da conspiração liderada por Robert Catesby, era iniciar um levante católico contra a repressão do rei protestante Jaime I, matando-o junto de outros parlamentares protestantes, através da explosão que fora planejada. Guy Fawkes, que era um perito em explosivos, foi colocado para detonar os 36 barris de pólvora colocados sob o prédio do parlamento, mas por conta de uma informação vazada, Fawkes acabou sendo descoberto e preso, antes que o plano fosse posto em prática.

Retrato de Guy Fawkes, o rosto que inspirou a máscara.
Guy Fawkes foi preso, torturado e interrogado, e então condenado à forca, acusado de traição e por tentativa de assassinato dos parlamentares e do rei. A conspiração da Pólvora havia fracassado.
A captura de Fawkes é celebrada até os dias de hoje pelo povo inglês, na chamada “Noite das Fogueiras” (Bonfire Night), realizada em todo dia 5 de novembro. Nesse dia o rei ou a rainha participa de uma sessão especial no parlamento, e o subsolo do prédio é tradicionalmente revistado; nas ruas as pessoas fazem bonecos representando a figura de Fawkes e ao fim da noite o queimam (semelhante à queima dos bonecos de judas aqui no Brasil), e depois disso a população costuma soltar vários fogos de artifício.
Apesar do soldado ser tido como um “traidor” aos olhos do povo inglês, Moore e Lloyd  não tiveram receio de colocar um personagem inspirado na figura histórica de Fawkes para protagonizar sua obra. Mesmo sendo vista com maus olhos por alguns, aquela figura representa a luta do povo contra o totalitarismo e a opressão de governos e instituições. E justamente por conta da trama que envolve a retomada do poder pela população, que o Anonymous decidiu utilizar a máscara estilizada de Fawkes para representar seus ideais de liberdade, que por ironia, são também tidos (por alguns) como atos terroristas – assim como ocorreu na ficção.
Da próxima vez que você ver aquele rosto misterioso com bigodes e um sorriso sutilmente sarcástico, lembre-se que por trás dela não existe apenas a inspiração vinda de um filme de ficção… Por trás dela há história, há ideias, há conceitos, e, sobretudo, pensamentos sobre liberdade e justiça.